O Globo, RIO, 18/11/2010, extracto.-
Os temores relacionados ao câmbio, ao déficit público e à inflação contribuíram para que o Índice de Clima Econômico (ICE) da América Latina caísse de 6 pontos em julho para 5,8 pontos em outubro. A pesquisa, divulgada hoje pela Fundação Getulio Vargas (FGV), aponta uma piora generalizada nas expectativas para os próximos seis meses, enquanto a percepção da situação atual se manteve estável.
Para a economista Lia Valls, do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV), apesar da piora, o cenário permanece de otimismo, mas em acomodação. Os únicos países da América Latina em que o Índice de Expectativas (IE) subiu entre julho e outubro foram Venezuela, Equador e Bolívia. No geral, para a América Latina, o IE passou de 6,2 pontos em julho para 5,8 pontos em outubro.
'A economia mundial se recupera, mas a recuperação ainda é nebulosa', ressaltou Lia, justificando o recuo do ICE entre as medições de julho e outubro, período em que o Índice de Situação Atual (ISA) se manteve estável, com 5,8 pontos na América Latina. 'Todos os países em que o ICE subiu em outubro têm índices muito baixos', acrescentou Lia, lembrando que, entre os cinco países em que houve avanço na América Latina em outubro, apenas o Chile tem ICE superior a 7 pontos.
No caso brasileiro, o ICE passou de 7,3 pontos em julho para 6,8 pontos em outubro, em decorrência tanto da queda tanto do IE quanto do ISA. As expectativas passaram de 6,1 pontos no país em julho para 5,7 pontos em outubro, enquanto o ISA recuou de 8,4 pontos para 7,9 pontos no período.
A abertura dos dados mostra que o câmbio surge como maior preocupação para os entrevistados na América Latina. A falta de competitividade dos produtos nacionais, que reflete a desvalorização do dólar, recebeu 9 pontos na América Latina, muito acima do desemprego, que, com 6 pontos, aparece como a segunda maior preocupação dos agentes econômicos pesquisados.
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